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Coliving: Uma tendência urbana em compartilhamento de moradias
20 de abril / 2018
Viver em comunidade é um ato que acompanha o ser humano desde as eras mais longínquas. A convivência em tribos e clãs, no entanto, foi sendo adaptada à vida urbana e ao aumento da densidade demográfica. As construções de habitações próprias supriram a necessidade de construção de identidades e atenderam demandas privadas específicas. Hoje, porém, os resultados provocados por esse comportamento nos levam a refletir: ainda vale a pena manter uma moradia particular, com altos gastos e pouca socialização?
Como alternativa, surge uma tendência (não tão nova) que pretende derrubar, além de paredes, a crise da falta de espaços físicos e os ideais de individualização e desperdício. Trata-se do coliving, um movimento que estimula a integração, a sustentabilidade e, claro, a colaboração.
Mas, afinal, o que é coliving?
Apesar de extremamente atual, o conceito de coliving teve origem em 1972. Tudo a partir de Sættedammen, o primeiro projeto cohousing (termo similar ao coliving, que se refere ao compartilhamento de habitações) do mundo. Em uma comunidade com 35 famílias, na Dinamarca, a ideia era manter as moradias privadas e compartilhar espaços de convivência e atividades, como refeições e limpeza de ambientes, com o objetivo de estimular o relacionamento entre vizinhos.
Acreditando nesse modelo de habitação, em 1988, o arquiteto norte-americano Charles Durrett passou a adotar a filosofia em empreendimentos nos Estados Unidos. Até hoje mantém a The Cohousing Company, uma organização que acredita no convívio compartilhado como elemento essencial para uma sociedade mais sustentável.
É quase inevitável comparar o coliving a repúblicas estudantis, casas de repouso ou mesmo iniciativas de hospedagem compartilhada (movimento de aluguel temporário de imóveis). No entanto, apesar de manter pensamentos comuns, o coliving apresenta diferenças na prática. A ideia de comunidade é bastante forte e, geralmente, surge no momento de consideração das necessidades e compartilhamento de expertises de diferentes pessoas, que projetam imóveis em cocriação.
O manifesto coliving, criado pela Coliving.org, resume bem os principais fundamentos desse movimento:
•Comunidade em harmonia com a individualidade
•Aproximação de pessoas e troca de experiências
•Consumo pensado na colaboração
•Projeção compartilhada de residências
•Economia de recursos naturais
•Divisão de decisões e tarefas
É possível notar que todas as bases do coliving se aproximam dos ideais de reaproveitamento e consumo consciente. Isso se assemelha bastante à cultura da economia colaborativa, uma tendência que ganha cada vez mais força.
Para quem se destina o coliving?
De modo geral, é comum que iniciativas de coliving tendam a atrair um público mais jovem. Este demonstra-se mais disposto a assumir novos modos de vida. A maior parte dos novos empreendimentos que seguem o movimento, como o The Collective, em Londres, são projetados para jovens e autônomos. Eles buscam espaços inteligentes para troca de experiências, aprimoramento de habilidades e oportunidades profissionais. Misturam-se, muitas vezes, com espaços de coworking – ambientes de trabalho compartilhados.
No Brasil, o conceito de coliving vem sendo ativado pela arquiteta Lilian Lubochinski, fundadora da Cohousing Brasil, uma consultoria para projetos na área. Uma das ideias da organização, inclusive, é criar espaços de coliving para idosos, seguindo uma tendência já existente nos Estados Unidos e Canadá. Assim como para o público jovem, a ideia é proporcionar espaços de convivência acessíveis e que atendam necessidades do público-alvo. Já iniciativas como a Casoca, por exemplo, baseada no Rio de Janeiro, pretendem focar em experiências de coliving que investem na educação colaborativa de crianças.
Fato é: iniciativas de coliving têm ganho muitos adeptos e empreendimentos pelo mundo. No Brasil, ainda há poucos projetos nas grandes cidades, mas muitos estudos em andamento, o que demonstra o potencial do país em abraçar essa tendência.
Fonte: agenciaaddress.com
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