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Perdoar faz bem ao coração
27 de setembro / 2019
É comum ouvirmos que o perdão evita o aparecimento de doenças. Mas será que a crença tem respaldo científico? Pesquisa brasileira apresentada em junho no 40º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo apontou uma relação entre a dificuldade de perdoar e a ocorrência de enfarte agudo do miocárdio.
“O mundo ocidental se refere ao coração como o centro das emoções”, afirma a psicanalista Suzana Avezum, que tem 36 anos de carreira. Depois de ter visto na prática os benefícios do perdão para a saúde emocional, Suzana partiu para a pesquisa. De 2016 a 2018, se debruçou no tema, em um mestrado, e focou no risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
No estudo, 130 pacientes responderam a dois questionários elaborados pela psicanalista, um para avaliar a disposição para o perdão e outro sobre espiritualidade e religiosidade, algo que, segundo Suzana, interfere na disposição para perdoar.
“Encontrei mais ocorrência de enfarte entre aqueles que têm dificuldade do perdão”, afirma a pesquisadora. No caso de religiosidade, Suzana não avaliou religiões específicas, e sim o aspecto da espiritualidade das pessoas. O estudo mostrou que, entre quem enfartou, 31% afirmaram ter tido perda significativa da fé, contra 9% dos que mantinham a fé em alguma crença.
Cardiologista e coordenador do Programa de Enfarte Agudo do Miocárdio do Hospital do Coração (HCor), Leopoldo Piegas afirma que a influência de questões emocionais no aparecimento de doenças cardiovasculares já é um consenso na área. “Na última década, tem crescido a questão da relação entre espiritualidade e doenças do coração. Quase todos os congressos de cardiologia têm sessões especiais sobre o tema que enchem as salas. As pessoas mais tranquilas, sossegadas e, aí vai a questão da religiosidade, têm uma tendência menor de ter esse tipo de doença”, diz ele.
Segundo José Luís Aziz, cardiologista e diretor de Comunicação da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, os estudos já comprovaram que estresse e depressão podem elevar de 20% a 30% as chances de a pessoa desenvolver doença cardíaca. “Vários trabalhos mostraram que pessoas que perdoam têm menos chance de ter enfarte e, quando têm, é mais leve.”
Professor da pós-graduação do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Álvaro Avezum diz que o quadro de mágoa faz com que hormônios, como a adrenalina, sejam liberados de forma inadequada, afetando o organismo. “O indivíduo que está magoado e ressentido pode disparar hormônios que vão, cronicamente, desequilibrar as células. Isso pode aumentar a pressão arterial, produzir arritmias cardíacas, trombose”, diz o cardiologista, fundador do Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Fonte notícia: Estadão | 2019 – MKT MZM
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