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Urbanismo feminista: como deixar as cidades mais democráticas?

10 de março / 2021

Urbanismo feminista: como tornar as cidades mais democráticas? (Foto: Getty Images)

O urbanismo feminista é um movimento social que diz respeito às medidas que buscam tornar as cidade mais democráticas para todas as pessoas. “Quando a gente pensa em urbanismo feminista, pensamos em resolver os problemas urbanos para todos, mas principalmente para as mulheres que são as que sofrem mais”, diz Laís Leão, arquiteta fundadora da inCities – Rede para Cidades Inclusivas.

Este movimento é uma maneira de reduzir as desigualdades sociais na sociedade ao tornar as cidades mais acessíveis e seguras. Para isso, é necessário entender que as mulheres utilizam as cidades de forma diferente dos homens. “As mulheres andam menos de carro. Elas andam muito mais a pé ou de transporte público. Uma melhora nos serviços básicos de transporte coletivo, como o ônibus chegar na hora ou os vagões não serem tão lotados, já diminuem a sensação de insegurança que as mulheres têm”, exemplifica a professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo e coordenadora do LabCidade, Paula Freire Santoro.

62,5% das pessoas que andam a pé em São Paulo são mulheres, segundo um estudo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Foto: Getty Images)

Este conceito leva ainda em consideração que nem todas as mulheres possuem as mesmas vivências. Ou seja, as questões que afetam mulheres negras, periféricas ou LGBTQIA+ podem ser diferentes no dia a dia quando comparadas às que afetam mulheres brancas e de classe média alta, por exemplo.

As mulheres correspondem à 74,6% das pessoas que utilizam transporte público em São Paulo

E quais são os caminhos para colocar estas medidas em prática?

Na prática, tornar as cidades mais igualitárias para todos exige uma série de medidas pensadas no longo prazo. Em um plano ideal, aumentar o número de creches, melhorar as condições de transporte coletivo, a iluminação e a fiscalização nas cidades e contar com financiamentos habitacionais específicos para mulheres, por exemplo, são alguns dos caminhos para promover estas mudanças.

Contudo, segundo Paula, é importante pensar ainda a cidade como um espaço de produção de conhecimento. “Isso é uma mudança na educação e na cultura do uso das cidades. São necessárias políticas de educação e cultura que comecem com as crianças”, explica ela. Por meio destas mudanças estruturais, é possível levar em consideração as particularidades que afetam cada uma das mulheres nas cidades e pensar em formas de resolvê-las.

Além disso, de acordo com Mirtes, a participação de mulheres na gestão das cidades é uma das maneiras de resolver as questões passadas que ainda as atingem nas cidades atualmente. “Vivenciar os bairros e seus moradores e entender as diferentes dimensões humanas são prerrogativas indispensáveis para favorecer bases igualitárias entre os homens e as mulheres”, explica.

A mobilização, a ocupação dos espaços públicos e a criação de vínculos entre as mulheres também são caminhos para mudar este cenário. “É aquela ideia do ‘vamos juntas’, de saber que estamos uma pela outra. É importante estar sempre atenta às demais para saber se elas estão bem e se precisam de alguma coisa. A nossa presença nas ruas pode fazer a trajetória da outra mais confortável”, finaliza Laís.

Fonte: casavogue.globo.com

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