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Arquitetos mostram como seis pontos de SP seriam se ganhassem uma nova chance
24 de janeiro / 2017
ANITA POMPEU
COLABORAÇÃO PARA A sãopaulo
A convite da sãopaulo, arquitetos de diferentes perfis e gerações escolheram uma via ou região da metrópole para mostrar como ela seria se ganhasse uma nova chance. Veja as ideias a seguir.
Marginal Tietê, por Ruy Ohtake
Uma metrópole como São Paulo cortada de leste a oeste por um rio é um privilégio. Mas se esse rio, o Tietê, não for bem tratado, vira uma dor de cabeça. Todos temos que nos unir para reverter a situação deste que já foi um dos orgulhos da cidade.
Nesse projeto, criei um rio como ele poderia ser: generoso com suas margens, que seriam bem tratadas paisagisticamente, tornando-se dois grandes parques urbanos.
Encostada no parque, haveria uma via e, logo ao lado, uma área destinada a habitações populares, escolas, centros de saúde e de serviços. Haveria ainda um centro comercial, com uma ponte atravessando o rio. Tudo de forma que trouxesse um equilíbrio entre o verde e a área construída de São Paulo.
Avenida Santo Amaro, por Felipe Hess, com a colaboração de Pia Quagliato e Lucas Miilher
A implementação do corredor de ônibus na avenida Santo Amaro, na década de 1980, fez com que ela se transformasse em uma via barulhenta e com passeios estreitos, que não condiz com sua vocação comercial e residencial. Por isso, escolhemos essa avenida, uma das mais importantes da cidade, mas que não se apresenta como tal.
A premissa da proposta, como mostrada no corte, é levar os ônibus para um corredor no nível inferior à via dos carros. Dessa forma, abre-se espaço para os pedestres, ampliando as calçadas, criando jardins e ciclovias.
A ideia é resgatar a qualidade urbana da região e da rua como passeio público, mantendo a essência histórica da Santo Amaro, sem ignorar sua função de principal eixo de ligação do centro com a zona sul.
Avenida Rebouças, por Martin Corullon
A avenida Rebouças, no trecho entre as avenidas Brigadeiro Faria Lima e Brasil, é um bom exemplo da degradação do espaço da rua como lugar de interação entre as pessoas.
A pobre conexão com os bairros do entorno, os poucos atrativos, as poluições sonora e do ar tornaram a avenida uma zona abandonada pelos pedestres e pouco atraente para os negócios, desperdiçando o grande potencial de uma das áreas da cidade com maior disponibilidade de infraestrutura e pela qual passam milhares de pessoas por dia.
A nossa proposta é realista e objetiva e pretende mostrar como é possível reestruturar o espaço urbano com intervenções tecnicamente simples e de custo relativamente baixo.
As premissas são: aumentar os espaços destinados aos pedestres; utilizar tecnologias de transporte de alta capacidade e menos agressivas; implementar novas tipologias de edifícios que permitam a multiplicidade de usos; conectar ao máximo a avenida com os bairros vizinhos; instalar bancos, lixeiras, boa iluminação e um paisagismo adequado.
Minhocão, por Rafic Farah, com a colaboração dos alunos da Escola da Cidade Gabriel Roemer, Leandra Miyasaka, Caio França, Juliana Katayama e Thais Russo
1. Vias expressas
2. Alargamento das calçadas
3. Pilares originais
4. Rebaixo das vias com vigas reutilizadas
5. Praças
6. Serviços públicos, comércio, bicicletário, micromuseus
7. Áreas de descanso
8. Ciclovia
O ideal talvez fosse remover totalmente esse monstro, o que implicaria uma demolição caríssima, demorada, traumática e de extremo impacto. Assim, buscamos uma solução técnica e financeiramente viável, que devolveria luz, salubridade e beleza a milhares de pessoas ao redor do elevado Presidente João Goulart.
Exatamente por ser um projeto plausível e de custo de execução relativamente baixo, pretendo apresentá-lo em breve ao prefeito, João Doria, para, quem sabe, sair do papel. Com ele, a cidade ganharia muito mais do que um parque linear, com um grande eixo de serviços públicos de fácil acesso, playgrounds, pequenos museus e extensa área de comércio.
A reutilização das vigas no próprio local possibilitaria ainda o rebaixamento das travessas em pequenos viadutos, eliminando 18 semáforos, e possibilitando uma melhora drástica da situação dos pedestres sob o elevado, e de todo o trânsito local.
Complexo Viário Paulo Roberto Fanganiello Melhem, por Marina Acayaba e Juan Pablo Rosenberg
1. Faixa Total
2. Alargamento pça. Thomas Edison (cobertura buraco)
3. Boulevard Vinicius de Moraes
4. Baixio do viaduto, com quadras de street ball, parkour e bowl
5. Decks de estar e passarelas de transposição
Apesar de abranger uma região rica em áreas verdes no encontro das avenidas Paulista, Consolação, Rebouças e Dr. Arnaldo, esse trecho da cidade fartamente servido por serviços e transporte público é quase um lugar invisível, uma obra-prima da engenharia a serviço do automóvel, que esgarça o território num arquipélago de praças inacessíveis, onde hoje se acumula lixo e degradação.
O local, no entanto, tem enorme potencial para se transformar em um parque urbano, o Parque dos Arcos, um marco da reconquista do espaço público no coração da cidade.
Um parque de passagem, que recrie as transposições necessárias para encurtar o trajeto do pedestre, por exemplo entre a avenida Paulista e o Hospital das Clínicas. Um parque aberto para a prática segura de esportes “do asfalto”, e que seja uma extensão natural da Paulista aberta aos domingos. Um local para o encontro e para o descanso na hora do almoço sob generosas copas de árvores e nas praças, reconectadas ao tecido social pelo desenho do arquiteto.
Ruas de São Paulo, por Marcio Kogan
1. Calçada sem buraco
2. Asfalto sem buraco
Como seria sua rua dos sonhos em São Paulo? Sei que é utopia: seria simples e sem buracos! Desafio a acharem hoje um trecho de cinco metros de rua e calçadas em condições adequadas.
Com incrível atraso, em novembro passado, a Câmara Municipal aprovou uma lei que transfere para a prefeitura a responsabilidade de cuidar de todas as calçadas da cidade.
São Paulo permanecia como uma das únicas —ou talvez a única— cidades do mundo na qual a calçada pública era privada (o proprietário poderia ser multado em R$ 300 por metro de calçada irregular). Obviamente, é mais uma forma de usurpar os cidadãos e de se eximir de qualquer responsabilidade civil.
Por uma questão de justiça, também deveríamos multar a prefeitura em cada metro de rua esburacada ou, então, transferir a responsabilidade do asfalto do leito carroçável para os proprietários dos imóveis. Assim, o poder público não precisaria se preocupar, nem implementar a nova lei, sem desprezar a ótima oportunidade de aumentar a receita.
Fonte: folha.uol.com.br/saopaulo
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